A sensibilidade das plantas e o vegetarianismo
Sem dúvida as plantas têm alguma sensibilidade. Inclusive comprei um provocativo livro (apesar de não ter lido ainda) chamado "A vida secreta das plantas", de Peter Tompkins e Christopher Bird, de 1975, que mostra que as plantas são seres sensíveis. Na contracapa escreve-se que as plantas "memorizam experiências de prazer e dor, sentem afeto e medo, são capazes de comunicar-se com os homens".
No entanto, há que se pensar sobre graus. Quem "sente" mais? É fácil perceber que os animais sentem muitíssimo mais que as plantas. Você precisa utilizar aparelhos de medição e ter muita paciência para verificar a sensibilidade das plantas, o que não é necessário para os animais.
Sistema nervoso
O sistema nervoso dos outros mamíferos, por exemplo, é bem equivalente ao humano no que toca à sensibilidade, e em muitos casos superior (há animais que enxergam, ouvem, etc. muito melhor que o humano). A diferença em termos neurológicos do humano em relação aos animais é principalmente no que toca ao intelectual, ao racional. Bem, e creio que ser inteligente não é relevante para discutir se devemos ou não nos importar com seu sofrimento, certo?
Verificar também o que escreve o geneticista Alyson Muotri: "não é porque alguns “acham” que as plantas sentem algo é que vamos extrapolar isso para um sistema nervoso organizado. Afinal, semelhanças moleculares entre neurônios e células vegetais não querem necessariamente dizer que a propagação de sinais é a mesma entre células, tecidos ou órgãos." Ele cita um estudo dizendo que "os neurotransmissores não são transportados de célula a célula por longas distâncias, como seria o caso da auxina [hormônio vegetal]."
Alimentação necessária
Não estarei sendo ético comigo mesmo se eu me deixar morrer, certo? Então preciso me alimentar de algo, porque preciso comer para viver. Mas é melhor me utilizar de seres que não são assim tão sensíveis. Dos males o menor.
Lembrar também que a criação de animais para consumo humano envolve a morte de muitos outros vegetais por meses ou anos, pois esta é a alimentação do animal futuramente abatido... Assim, comer animais por tabela mata bem mais vegetais que numa alimentação que diretamente consumisse os vegetais. Assim, a opção vegetariana também inclui respeito pelos vegetais.
Aliás, nem sempre a comida vegetariana depende de algum tipo de "morte": frutas, grãos, folhas, entre outros, não implicam em morte de um vegetal. Creio que principalmente o consumo de raízes implica nesta morte vegetal, pelo que diz Swami Yogananda, apesar de eu não conhecer tão bem como é o processo agrário.
Para mais detalhes, ler:
-A sensibilidade que as pessoas atribuem às plantas, de Simone Nardi
-E as plantas? Também não são seres vivos iguais a respeitar?, de Gary Francione
4 comentários:
Ola meu querido,
Agradeco a sua visita ao Indi(a)gestao e ao link.
Sobre sensibilidade das plantas e instrumentos que provam isso e muito mais, por favor verifique as pesquisas do Dr. Jagadish Chandra Bose. Voce vai se surpreender com o que vai descobrir.
Voce ainda pode se inspirar nas 2 ou 3 reportagens sobre o Neem indiano no proprio Indi(a)gestao e sobre as condicoes dos animais e assuntos pertinentes a este seu deveras interessante blog.
Parabens pelo bom trabalho!
Sandra
muito interessante a pesquisa do J.C. Bose! mas é engraçado porque eu não encontro nenhum material sobre o doutor em sites científicos... você pode postar algum?
oi, Lila, é melhor falar diretamente com a professora Sandra, já que ela quem indicou esse doutor... eu não conheço.
veja o blog dela: http://indiagestao.blogspot.com/
Temos de viver segundo o princípio da necessidade. Não precisamos matar animais para comer, mas sem as plantas não há chance alguma se sobrevivermos.
Além disso, elas não demonstram qualquer tipo de sofrimento enquanto que os animais tanto sofrem que certamente a quase totalidade dos consumidores de carne do nosso mundinho 'civilizado' não teria coragem de sequer assistir ao abate de um boi, muito embora não dispense um churrasco.
Creio que seja tudo um processo de anestesia em massa. As pessoas não aprenderam a refletir a respeito do processo industrial de nada que consomem.
Só querem saber da praticidade de encontrar os produtos bonitinhos embalados em plásticos coloridos nas prateleiras, ou já servidos em bem arranjados pratos de restaurante.
Temos de quebrar esse paradigma: a partir do momento em que adquirmos consciência do que se passa no processo de produção, aí sim a verdade sobre a crueldade vem à tona.
A indústria não é boba. Os frigoríficos ficam bem distante dos olhos dos consumidores. As pessoas só veem a carne como um produto inanimado, sempre visualidado em cima de uma assadeira, grelha ou de um prato.
Precisamos restabelecer o vínculo entre a imagem desse produto ao ser vivo que lhe deu origem, porque sem isso ninguém se conscientiza de que está financiando uma indústria perversa.
Postar um comentário