quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Como é a dia-a-dia de bezerros, vacas, galinhas e porcos?

Indústria da vitela: carne macia, suave, que derrete na boca, o tal sofisticado baby-beef. Bezerros tirados de suas mães horas ou dias depois de nascerem. Permanentemente presos em baias individuais. Dimensões recomendadas nos EUA: 61 cm largura por 1,65 m comprimento.

Alimentação não da mãe, mas uma combinação de leite em pó sem gordura, vitaminas, minerais, açúcar, antibióticos e drogas para promover crescimento rápido. Manter sua carne a mais clara possível, para as exigências dos consumidores, significa fazê-los crescer com deficiência de ferro crônica, ou seja, anemia crônica.

Quando bezerros estão pequenos ainda e poderiam se virar, ficam presos em uma coleira, para que não se virem; sempre imobilizados. Ao natural, eles são famosos por sua vivacidade. “Todos nós já vimos os impetuosos filhotes saltitando pelos pastos espaçosos, os tenros músculos se firmando para aguentar o peso que fica cada vez maior.” As condições de seu confinamento asseguram que seus músculos permaneçam moles e fracos, para que sua carne tenha o grau de maciez desejado.

Animais se deitam sobre as próprias fezes; de pé, vacilam sobre as ripas escorregadias de madeira ou metal. Não podem se limpar, pois não podem se virar. Aprendem a ficar parados, simplesmente. Joelhos inchados.

A eles é negado tudo que lhes seja natural. Eles sofrem física e psicologicamente. Dor e desconforto por joelhos inchados, problemas digestivos e diarréia crônica; vidas de confinamento solitário e privação; nunca mamar e pastar ou esticar as pernas, aproveitar a luz do sol. E nada disso está contra a lei. E a Associação Americana dos Produtores de Vitela diz: “a produção humanitária desses bezerros é nossa prioridades.”


Criação intensiva de animais

Mito da “fazenda do velho McDonald” custa a desaparecer. (Visão bucólica com animais vivendo soltos e felizes, para a qual contribuiu muito a canção “Old McDonald had a farm”-> ensinada há muitas gerações para as crianças.) Muita gente insiste em acreditar que os animais criados nas granjas vivem em condições bucólicas. Mas não difere muito dos “vitelos”. Os sistemas de criação intensiva são a regra, não a exceção. Porcos, galinhas, gado e outros animais criados para consumo humano se transformaram em inúmeras máquinas biológicas.

Por quê? O lucro, auxiliado pelos subsídios do governo e sua política de preços, move a indústria. Afinal, o objetivo é maximizar o retorno financeiro. A criação em confinamento completo capacita uma quantidade pequena de pessoas, comparativamente, a criar centenas ou centenas de milhares de animais (no caso de galinhas poedeiras ou frangos de corte).

E para pôr o animal no mercado no mínimo tempo possível, limitam a mobilidade, manipulam seu apetite para que coma mais que o normal, estimule seu aumento de peso rápido com hormônios na sua comida.

Sem isso, sem produzir o maior peso no menor tempo possível, os granjeiros fracassam no mercado da produção animal comercial. Contra as grandes corporações e a assistência massiva do governo às multinacionais.

Por não terem direitos, aparentemente, -> a dor e as privações impostas a eles não precisam de justificativa. E por não precisar dessa justificativa, são impostas a eles em proporções muito além do que os humanos conseguem calcular.


A indústria do porco

100 milhões de porcos abatidos anualmente nos EUA. A maioria passa os 4 a 6 meses que duram suas vidas em pé ou, quando nascem, dormindo em superfícies de tela de arame. E, um pouco depois de nascerem, em barras de metal ou de concreto com espaços vazios entre elas (iniciando um pouco depois de nascerem).

Normalmente têm ferimentos nos pés e pernas, e pele em geral, nunca tratados. Ao nascer, rabos são cortados e orelhas também, sem anestesia. Ambientes super-lotados levam ao canibalismo (apesar de serem dóceis ao natural).

Porquinhos que não crescem rápido suficiente são mortos com pancadas na cabeça no chão de concreto. 70% aproximadamente têm pneumonia, ao ser abatidos; maioria com doenças respiratórias, devido ao ar cheio de amônia, poeira e pele e pêlo.

Porcas reprodutoras pesando até 180 quilos confinadas em baias de 61 cm de largura, com coleiras para se imobilizarem. Porcas são máquinas de produzir salsicha, por mais que, quando se retire os porcos do ambiente industrial, eles continuem sendo seres vivos com natureza própria. (p. 114)

Conselho dos Produtores de Porcos dos EUA: “Os produtores de porcos sempre reconheceram sua obrigação moral de oferecer um cuidado humanitário aos seus animais.”

A indústria da ave

-> em geral, galinhas (“frangos”, quando de corte); seu tratamento exemplifica a das demais aves.

-frango de corte

Veja só a distorção: ao invés de falarmos o nome de verdade, “galinhas”, não, fala-se frangos. Aí parece um bicho diferente que não conhecemos.

9 bilhões de galinhas abatidas anualmente nos EUA. Espaço médio dos galpões de criação: menor que 0,1 metro quadrado para cada animal maduro. O cruzamento seletivo produziu animais pesando o dobro em relação aos antepassados; mas seu esqueleto continua o mesmo, então é comum: “vértebras machucadas, ossos quebrados, juntas inflamadas”. E também prejudica seu sistema cardiovascular-> infartos acontecem todo dia.

Odor opressivo de amônia vem das fezes em decomposição-> vapores atacam o sistema imunológico e respiratório dos animais-> doenças dos olhos e cegueiras frequentes.
em média frangos de corte machos vivem vivem 6 semanas e as fêmeas 7 semanas, até o abate. A duração natural de suas vidas com saúde é de 12 a 15 anos -> então os frangos de corte são simples bebês no abate; sua vida curtíssima com privação crônica e sofrimento.

-Galinhas poedeiras

300 milhões de galinhas botam ovos todos os dias nos EUA. produção média anual de cada ave de 250 ovos; vida média de 2 anos.

Grande maioria das poedeiras amontoada dentro das baterias -> enorme conjunto de gaiolas de metal, umas sobre as outras. Galinhas de baixo vivem sob torrente ininterrupta de excrementos produzidos pelas de cima. No galinheiro industrial, sempre seu ambiente é superlotado. Num espaço que mal equivale ao de uma gaveta de escritório, espremem-se até 10 galinhas -> média na indústria de 7 ou 8.

poedeiras não estão anatomicamente adaptadas a ficar de pé no arame por anos; quase a metade das aves tem anormalidades nas pernas ou unhas; maioria com feridas e contusões pela fricção contra a gaiola.

“Muda forçada” comum: galinhas não ganham comida por 10 a 14 dias -> e isso faz com q 10% delas morram e podem perder até 25% do peso. -> para “encorajar” novo ciclo de postura de ovos.

Assim como bezerros machos nascidos em granjas produtoras de leite, pintinhos machos nascidos em granjas produtoras de ovos estão no lugar errado -> já que isso acontece 50% do tempo, todo ano são mortos, no mesmo dia em que nascem, uns 150 milhões de pintinhos machos. [Afinal, o natural não é galinhas e vacas produzirem ovos e leite a torto e a direito simplesmente; é terem filhos.]

como são "descartados" ou mortos? Os recém-nascidos são jogados em latas de lixo e sufocados no fundo até morrer; ou triturados vivos; sem nunca usar analgésicos, claro.

E o que diz a Associação de Produtores de Aves e Ovos dos EUA (USPOULTRY)? A entidade “sempre apoiou o tratamento humanitário dos animais”. E como é esse "tratamento humanitário"? Como é feito, como descrevemos.

A indústria do gado

-gado leiteiro

ao menos metade do gado leiteiro é criado em instalações em geral de concreto, ao qual os animais não se adaptam anatomicamente e por isso a maioria sente dor para se levantar ou ficar de pé. Os q ficam fora: boa parte nos “terrenos secos”, cercados sem capim para pastar ou cama de palha para se deitar.

Em média vacas leiteiras prenhes uma vez por ano por 3 a 4 anos, depois disso são vendidas para virar produtos de carne baratos (40% dos hambúrgueres nos mercados e restaurantes).

Pela manipulação genética e cruzamento seletivo, algumas vacas leiteiras produzem até 44 litros de leite por dia, dez vezes sua capacidade normal. Esse excesso de peso tensiona o úbere e agrava danos aos joelhos e ancas. 20% dos animais sofrem de mastite, inflamação do úbere.

Vacas leiteiras saudáveis em ambiente favorável vivem até 25 anos.

-gado de corte

35 milhões de cabeças anualmente nos EUA. Marcado a ferro quente, chifres mutilados; machos castrados, tudo sem anestesia. Comum nascer num estado, criados em segundo, e abatidos em terceiro; sem água, comida e atendimento veterinário no transporte; por vezes de centenas de km.

Maioria grande parte da vida em currais de engorda-> permanentemente exposto, sem onde deitar, exceto terra seca, lama e esterco. Natureza-> ruminantes, preferindo grama, capim e outras fibras; mas nos currais dieta é exclusivamente grãos (com fortes doses de estimuladores de crescimento) para acelerar a engorda a dar a carne o “branco marmóreo” dos cortes mais caros de carne.

Abate “humanitário”

todos deveriam ir a um abatedouro ao menos uma vez na vida.

Operações em maior escala mais anônimas, com barulho dos animais desembarcando, com mugidos das vacas, guinchos estéricos dos porcos. Os que mais resistem são os mais punidos, com choques elétricos, golpes de correntes ou pontapés.

Abate de porcos

-> conduzidos a estreito compartimento onde o atordoador dá um choque elétrico que supostamente os deixa inconsciente (mas o fato é que isso dificilmente ocorre; os inspetores são desencorajados a parar a linha, há testemunhos de que “o tempo todo os porcos entram totalmente conscientes no tanque”, como diz um trabalhador); pendurados pelas patas traseiras, são cortadas suas gargantas, sangram até a morte, submersos em um tanque de água escaldante, depilados e eviscerados...

O abate de peixes

Indústria peixe americana mata 7 bilhões de peixes ao ano. Lançados em mistura de água e gelo, sofrem até que, depois de uns 10 minutos, falta de oxigênio os deixa inconscientes... Maioria dos salmões jogados em água infusa com dióxido de carbono, doloroso para respirar. A maioria continua consciente quando seus arcos branquiais são cortados para sangrar. Há também descargas elétricas para peixes-gatos, ou usado o bastão para bater na cabeça do peixe... Ou se bate a cabeça dele em uma superfície dura, para os pequenos.

[Informações do livro Jaulas Vazias, de Tom Regan]

2 comentários:

Andy Pie disse...

oh meu Deus... que terrível isso... Terrível.. /{ó_ò}\ MEu pai acabou de comprar 4 galinhas e as mantém em uma gaiola q, ao meu ver, é pequena demais (+ou- 1x0.5 m).. Resolvi vir procurar subsídio na internet para argumentar com ele. Encontro mais do que esperava. Obrigada por abrir meus olhos.

Anônimo disse...

A parte de mata-los quando conscientes é o de menos. Tenho uma mini-granja caseira, poucas galinhas mas todas bem tratadas. Elas ficam livres ciscando e comendo restos de comida ou no galinehiro ou num terreno livre e quando querem botar é so irem até o ninho que fica no galinheiro, na hora de dormir esscolhem ou arvorés ou puleiros que ficam no galinheiro. Como comprovado os ovos dessa forma possuem 35% menos colesterol, 10% menos gorduras e o dobro de omega-6 e acho que 50% mais vitamina A.