terça-feira, 23 de outubro de 2007

Por que discriminar um animal é tão ilógico quanto discriminar um negro?

Nos anos de 1800, no Brasil, era normal se tratar uma pessoa negra como uma "coisa", que podia ser vendida e comprada num mercado. Essas pessoas só serviam para satisfazer os interesses das "brancas".

Hoje, as pessoas negras são consideradas, de maneira geral, "pessoas" de verdade, que temos que respeitar. Apesar de ainda haver preconceitos em relação a elas, não são mais consideradas "coisas".

Pois um dos valores mais nobres defendidos atualmente são os "direitos humanos". E eles valem para todos os humanos, independente de etnia, sexo, idade, etc. Mas por que os humanos têm esses direitos? Já se perguntou?

Que tal dizer: "Os seres humanos têm direitos porque eles são humanos." Normalmente só se responde isso. Mas acho que isso não explica nada, certo? É a mesma coisa que dizer "porque sim", porque se está apenas repetindo a mesma coisa.

Que tal então: "Os seres humanos têm direitos porque são seres racionais." Bem, e o que inteligência tem a ver com direitos? Por acaso alguém negaria direitos para uma pessoa com deficiência mental, ou para uma criança ou bebê?

Então, afinal de contas, por que as pessoas têm direitos? Porque precisamos nos preocupar com elas? Quais são razões de fato relevantes para os direitos das pessoas? Nós podemos sentir e sofrer. O que acontece com nossos corpos e nossas vidas é importante para nós. Temos uma biografia, com família, amigos, etc. Essas questões são relevantes para se preocupar com alguém, concorda?

Um momento. Mas e quanto aos animais em geral, como cães, vacas, galinhas, pássaros? Eles também podem sentir e sofrer (aliás, muitos têm sentidos até mais aguçados que os humanos); o que acontece com seus corpos e suas vidas é importante para eles; e têm biografia, com família, amigos, etc. Eles preenchem todos os critérios relevantes para se respeitar um humano.

Por que negar então direitos aos animais à vida, à liberdade, ao bem estar, entre outros, se não há razão lógica alguma para isso? Pelo mesmo motivo pelo qual se negava os direitos às pessoas de pele negra, lá nos anos 1800. Para que pudessem ser exploradas.

Maurício Kanno

Baseado principalmente no livro "Jaulas Vazias – encarando o desafio dos direitos animais", de Tom Regan, professor de Filosofia da Universidade da Carolina do Norte.

[Atenção: admitir que os animais tenham direitos não é dizer que seus direitos sejam os mesmos dos humanos. Leia mais neste meu texto recente, sobre a igual consideração de interesses, formulada pelo filósofo Peter Singer.]

9 comentários:

dani matielo disse...

Oi, Mao. No fundo, existe um momento em que diálogos acabam, eu acho. Esse momento tem muito a ver quando você perde as referências comuns... nossas conversas me ajudaram a repensar muitas coisas, mudei vários hábitos na minha vida nos últimos meses. Mas acho que não podemos mais continuar conversando: sua lógica parte de um princípio no qual eu não acredito. É uma crença: é como acreditar em Deus. Você acha que os animais merecem ser respeitados da mesma maneira como os seres humanos. Eu discordo disso profundamente: eu acho que animais merecem ser respeitados como animais, como seres vivos. Mas não são seres humanos. E argumentos que fazem essa comparação não me tocam, não me convencem, o que eu posso fazer? Eu não sinto isso, sinto que a natureza é sabia, que vivemos num mundo sistêmico, que as coisas estão todas relacionadas... que os seres humanos, assim como os animais, as plantas, tudo o que existe no planeta, fazem parte desse enorme sistema. E nesse sistema, alguns animais comem os outros para se alimentar. E isso é normal. É normal que alguns animais comam outros, não é? Você não está indo contra o direito de nenhum animal quando você come ele... eu discordo disso profundamente. Mas enfim, como eu disse, é uma questão de crença. :) Espero apenas que o fato do seu discurso se tornar mais extremo, isso não faça com que você continue fazendo as pessoas refletirem, como fez comigo. Beijos, Dani

Maurício Kanno disse...

Oi, Dani.

Fico feliz você dizer que (assim como eu aprendi muito com você), mudou hábitos em sua vida nos últimos meses. Mas minha curiosidade é: que hábitos? Pq eu achava q vc já era vegetariana faz tempo mesmo...

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Mas fico triste você dizer, especialmente neste meu post, que me baseio em uma crença, como acreditar em Deus.

Meu intuito é discutir racional e logicamente, e de forma alguma "pregando" como um religioso.

Por isso me baseio em filósofos éticos consagrados, como Regan, Singer, Bentham, Naconecy; e não em religiosos como Buda, Cristo e Bhaktivedanta Swami Prabhupada.

Você disse que os diálogos acabam quando se perde as referências comuns. No caso específico deste post, qual é a referência comum? Os direitos humanos. Foi a partir deles que procurei demonstrar como também se deve estender direitos aos animais.

E é claro, eu também não quero dizer que se deva dar direitos aos animais exatamente como os humanos; é como falei sobre a igual consideração de interesses, formulada por Singer, neste post recente.

O que digo não é o que "acho" e o que "sinto". Como você se expressou. É o que concluo. E espero concluir também junto com outras pessoas, amparados logicamente.

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Também fico triste você chamar meu discurso de "extremo". Não estou nem dizendo que as pessoas deveriam começar a sair por aí protegendo, alimentando, acariciando, dando abrigo aos animais. Simplesmente estou dizendo que se pare de causar mal a eles se não houver necessidade. Isso é extremo? Qual é o problema nisso?

Eu já admiti, como comentário também neste mesmo post recente recente, que, havendo necessidade de o humano matar um animal para comer, ele tem todo o direito de fazer isso.

Dani, dizer algo genérico como a natureza é sábia é semelhante a dizer que Deus é sábio (em termos de consequências lógicas): E aí, por que então acontecem tantas coisas horríveis no mundo? Devemos deixar estas coisas horríveis acontecerem?

Por que as pessoas (parte da natureza) precisam olhar para o mundo selvagem e copiar dele apenas as coisas piores? Por que se espelhar nos animais carnívoros, que são até menos longevos (vivem menos tempo) que os animais herbívoros? Dizer que devemos comer outros animais apenas porque certos animais o fazem é um sofisma, Dani.

dani matielo disse...

Mao, quando digo que temos uma crença diferente não estou falando sobre seus argumentos, e sim sobre seu ponto de partida. Com certeza existem inúmeros filósofos consagrados, estudiosos, cientistas, médicos ultra-respeitados, biólogos, ecólogos etc que acham que o vegetarianismo integral não é nem ético, nem saudável, que na verdade é um grande desrespeito tanto aos seres humanos quanto aos animais.

Se estivéssemos aqui fazendo jornalismo, ou mesmo se este fosse um blog para refletir sobre o direito dos animais, vc perderia a mesma quantidade de tempo pesquisando esses outros especialistas e pensadores quanto passa lendo sobre pessoas que concordam com a sua idéia. Naturalmente, esse é o seu blog, e seu objetivo é difundir aquilo que você acredita que é certo. O que levou você a acreditar nisso, penso que, segundo você descreve, foi uma lógica racional, as coisas que você leu e que de alguma forma te tocaram. Na verdade, acho que poucas pessoas ficariam indiferentes ao assistirem um vídeo de um animal sofrendo, a não ser que fossem realmente MUITO insensíveis ou já estivessem acostumadas com isso.

Mas veja, Mao, quando você diz "Por que as pessoas (parte da natureza) precisam olhar para o mundo selvagem e copiar dele apenas as coisas piores?", pior ou melhor são julgamentos humanos... que matar seja algo "mal" é um julgamento humano. Você não acha? "Por que se espelhar nos animais carnívoros, que são até menos longevos (vivem menos tempo) que os animais herbívoros?" O que o fato dos animais carnívoros serem menos longevos tem a ver com a discussão? Enfim, meu ponto é (e isso não é uma crítica), apesar de buscar argumentos lógicos, você tem um objetivo, uma crença. E isso NÃO é um problema: como você mesmo escreveu, para se defender uma idéia, é preciso ser contundente. E de fato, acreditar nela. E eu não acredito. Aliás, eu acredito que ela é errônea.

Eu não acredito que comer um animal porque se está com vontade seja tão horrível quanto abusar de uma criança. Eu não iria para a cama com uma pessoa que abusa de menores: isso vai contra a minha moral, contra meus valores. Eu não seria capaz de amar uma pessoa que tem preconceitos em relação aos negros ou aos homossexuais, por exemplo. Porque isso me ofende como pessoa. E eu não acho que comer animais seja algo que se possa colocar no mesmo patamar. Acho que "extremo" ou "radical" é fazer esse tipo de comparações e deixar as pessoas impressionadas (porque SIM, as pessoas se impressionam, e isso NÃO quer dizer que o argumento esteja correto, significa apenas que ele é um bom argumento...) A propaganda faz isso, você bem sabe... Enfim.

Comer carne ou matar animais quando existe necessidade faz sentido: desde que respeitemos (e aqui, portanto, entra o seu argumento sobre respeito aos interesses) as diferentes necessidades das pessoas. Eu respeito a vontade das pessoas de comerem carne. Existem pessoas que acham realmente NECESSÁRIO comer carne. Afinal, necessidade não tem a ver só com fome, não é? Todas as coisas que você faz na vida tem a ver com suprir suas necessidades básicas? Você só toma banho quando está correndo risco de infecção, ou também quando quer ficar perfumado e sentir-se bem?

Mas acho que poucas pessoas acham necessário que os animais sofram, e essa é a minha lógica de porque é importante diminuir a quantidade de carne que é consumida, para que se possa dar uma vida sem sofrimento aos animais. Fazer com que os animais sofram não é uma necessidade para ninguém. Mas quem sou eu para julgar se a necessidade de alguém comer carne é mais importante do que a minha necessidade de lavar o cabelo com shampoo, por exemplo? A verdade é que hoje chamamos de "necessidade" coisas que estão beeeem mais além das nossas necessidades reais, vc não acha? Então, é isso. (continua)

dani matielo disse...

(continuando)

Acredito que as pessoas devem comer carne quando acham necessário (que não é o que se faz hj em dia). Mas devem SIM continuar comendo carne, e peixe, e frango... de forma consciente. A mudança que ler seu blog me causou foi exatamente essa: refletir sobre os efeitos dos meus atos, sobre o que significa quando estou comendo um prato de alface ou um sushi de salmão. Pensar que o salmão sente mais dor que a alface é uma decisão basada em quais estudos eu acredito: alguns dirão que o salmão sente, alguns dirão que o alface sente, outros dirão que nenhum dos dois sentem nada. Existem milhões de estudos no mundo todo e, como já sabemos, nenhum contém a verdade total. Depende do que eu quero acreditar, e do que me parece correto. E isso foi o que eu chamei de "crença". A crença na superioridade da ciência também é uma crença, não? ;)

Enfim, acho muito importante divulgar o consumo consciente: inclusive porque os animais nem são os que mais sofrem.... Existe trabalho escravo, trabalho infantil, exploração de mulheres... Mas, pra ser sincera, e finalizando: essa não é a minha causa. O mundo possui um milhão de problemas. Problemas ambientais, sociais, econômicos... guerras, injustiças, pessoas morrendo do lado da nossa casa, sendo atacadas no metrô só por serem imigrantes. Não é possível lutar por todos os problemas ao mesmo tempo, e é por isso que não vou pesquisar os filósofos, biólogos, ecólogos etc que mencionei no começo do texto: porque apesar de acreditar no consumo consciente, essa não é a "minha" causa, assim como não é a sua causa lutar, por exemplo, pelos adolescentes homossexuais, apesar de provavelmente não achar que eles devem ser espancados e, caso seja possível, fazer alguma coisa dentro do seu ciclo de ação. Da mesma forma, meu objetivo aqui era escrever o que eu penso sobre o que você escreve, criar discussões e refletir sobre uma coisa que faz parte da minha vida. Se tiver oportunidade, ajudarei outras pessoas a refletirem sobre o consumo consciente, como já faço em muitas coisas. Mas com certeza não direi a ninguém jamais para assistir um vídeo de um animal sendo morto: porque não acho que esse é o caminho para fazer as pessoas refletirem, acho que isso pode até tocá-las e fazer com que parem de comer carne, e ainda assim, não terei atingido o objetivo de que reflitam sobre o que estão fazendo.

Espero que esteja um pouco mais claro o que eu quis dizer, e que você entenda agora porque penso que partimos de pontos diferentes.

Bjs

Dani

Maurício Kanno disse...

Oi, Dani!

Bem, de fato, tenho buscado difundir os direitos animais, uma idéia bastante fora do padrão atualmente. E isso é desafiante. Porque normalmente as pessoas já têm conceitos formados sobre isso, ou seja, preconceitos. Eu mesmo. Foi duro cogitar esta possibilidade.

Mas se você não está falando sobre meus argumentos, o que peço é que sim, leia os argumentos deste post, e verifique o que está eventualmente errado neles e refute. Assim que é feita uma discussão eficiente. Lembrar como é feito um argumento, com premissas e conclusões. Sim, eu estou buscando divulgar conclusões que levem a pensar nos direitos animais. Mas a premissa deste post não começa com "considerando que existem direitos animais..."

1) A respeito de: "Com certeza existem inúmeros filósofos consagrados, estudiosos, cientistas, médicos ultra-respeitados, biólogos, ecólogos etc que acham que o vegetarianismo integral não é nem ético, nem saudável, que na verdade é um grande desrespeito tanto aos seres humanos quanto aos animais."

Claro, percebe-se, a maioria absoluta das pessoas é contra direitos animais ou vegetarianismo integral ou parcial, e claro, incluindo personalidades do mundo da ciência. Mas eles pensaram e estudaram sobre o assunto da ética em relação aos animais? Fizeram teorias a este respeito específico? Um dos comuns erros de Lógica e Argumentação, ou seja, uma falácia, é o "argumento de autoridade" (ver detalhes em http://criticanarede.com/falacias.htm ). As pessoas não podem ser citadas se não são especialistas no assunto em questão. Outra falácia conjunta aqui é o argumento "apelo ao povo", ou seja, dizer que muita gente acredita em algo não é válido para se discutir algo.

Só sinceramente não entendo como vegetarianismo pode ser considerado um desrespeito aos animais principalmente. Talvez desrespeito aos humanos, no máximo talvez pela questão de eles não poderem mais comer carne, é isso?

2) "vc perderia a mesma quantidade de tempo pesquisando esses outros especialistas e pensadores quanto passa lendo sobre pessoas que concordam com a sua idéia"

Ao fazer minha pesquisa sobre direitos animais, por enquanto não encontrei fontes que tenham pesquisado o assunto da Ética Animal, que não lhes sejam algo favoráveis. Na verdade, o assunto costuma ser ignorado, Dani. São pouquíssimos os estudiosos que se debruçaram sobre o tema. Além disso, eu não tinha uma "idéia pré-definida". Eu nem mesmo era vegetariano faz pouco tempo atrás. O que estou fazendo é estudando e divulgando o que estou encontrando sobre o assunto. Por favor, se encontrar algum estudo similar, me envie. Mas as idéias estão aí, para serem possivelmente refutadas.

3) "Na verdade, acho que poucas pessoas ficariam indiferentes ao assistirem um vídeo de um animal sofrendo, a não ser que fossem realmente MUITO insensíveis ou já estivessem acostumadas com isso."

Por que você acha que as pessoas não ficariam indiferentes? Será porque estão enfim conhecendo uma trágica realidade que não conhecemos, ou para a qual costumamos fechar os olhos, como é o caso da miséria no mundo e do desmatamento?

4) "Mas veja, Mao, quando você diz "Por que as pessoas (parte da natureza) precisam olhar para o mundo selvagem e copiar dele apenas as coisas piores?", pior ou melhor são julgamentos humanos... que matar seja algo "mal" é um julgamento humano. Você não acha? "Por que se espelhar nos animais carnívoros, que são até menos longevos (vivem menos tempo) que os animais herbívoros?" O que o fato dos animais carnívoros serem menos longevos tem a ver com a discussão? Enfim, meu ponto é (e isso não é uma crítica), apesar de buscar argumentos lógicos, você tem um objetivo, uma crença. E isso NÃO é um problema: como você mesmo escreveu, para se defender uma idéia, é preciso ser contundente. E de fato, acreditar nela. E eu não acredito. Aliás, eu acredito que ela é errônea."

Eu de fato, atualmente, nos últimos tempos, tenho o OBJETIVO de divulgar e discutir esta questão que normalmente não é divulgada e discutida, ainda mais em termos o mais coerentes e racionais possíveis. Mas isso é diferente de se ter uma crença, ou dogma que não pode ser mudado. Acontece que analisei que os argumentos em favor dos direitos animais e vegetarianismo são aparentemente mais fortes. E minha opinião a este respeito pode ser mudada novamente, se argumentos válidos melhores forem utilizados e esta argumentação for refutada.

a) -A respeito de "pior" ou "melhor": Ok, poderíamos até deixar de lado este "pior" ou "melhor". Mas me assusta que pelo senso comum não considere "matar" como algo ruim de maneira geral. Afinal, o senso comum valoriza a vida em detrimento da morte. De fato, um julgamento humano. Mas o que podemos fazer? Somos humanos, e só podemos julgar como humanos. E se nos colocarmos na posição do "outro", dos outros animais, será que eles também não achariam negativo "morte" em detrimento da "vida"? São valores bastante fundamentais.

b) -O que falei a respeito de copiar atitudes dos animais tem tudo a ver com a discussão porque é exatamente onde você se fundamenta para dizer que as pessoas devem continuar comendo carne. Parece ser o seu maior argumento. E não me parece válido, porque você generaliza, dizendo que é assim que funciona na natureza, que assim que é feito pelos demais animais. Mas eu disse que nem todos os animais comem carne, ou seja, não é toda a natureza que se comporta desta maneira. E falei da longevidade dos herbívoros apenas como exemplo de que talvez não fosse os carnívoros que devêssemos tomar como modelo.

Agora, você ainda não explicou por que, se ALGUNS animais comem carne, os humanos também DEVEM fazer isso. Existiria a lei universal: os humamos DEVEM copiar o que fazem os animais carnívoros? Se existisse algo assim, como discutimos antes, há diversos outros hábitos dos animais que os humanos não copiam, por advogarem o "progresso" humano, então esta suposta lei estaria furada.

c) - Não escrevi que é preciso ser contundente, ou seja, aguerrido, impactante. O que falei é que é preciso discutir mais baseado em "conclusões", ou seja, utilizando argumentos, do que apenas "sentindo" e "achando". Com certeza, o senso comum, intuições, são ótimos pontos de partida para viver. Mas para se discutir e refletir sobre algo eles não são suficientes. É preciso argumentar logicamente.

5) "Eu não acredito que comer um animal porque se está com vontade seja tão horrível quanto abusar de uma criança. Eu não iria para a cama com uma pessoa que abusa de menores: isso vai contra a minha moral, contra meus valores. Eu não seria capaz de amar uma pessoa que tem preconceitos em relação aos negros ou aos homossexuais, por exemplo. Porque isso me ofende como pessoa. E eu não acho que comer animais seja algo que se possa colocar no mesmo patamar. Acho que "extremo" ou "radical" é fazer esse tipo de comparações e deixar as pessoas impressionadas (porque SIM, as pessoas se impressionam, e isso NÃO quer dizer que o argumento esteja correto, significa apenas que ele é um bom argumento...) A propaganda faz isso, você bem sabe... Enfim."

Ok, mas eu nunca disse que comer animais seja tão horrível quanto abusar de crianças, discriminar negros ou homossexuais. Medir "pior" ou "melhor", realmente é muito difícil. O que eu disse no texto deste post é que discriminar negros "é tão ilógico quanto" discriminar animais. É muito diferente. Quero mostrar que para ambos os casos ocorre um preconceito, de acordo com a argumentação que expús no texto. Só isso. Me expressei mal em algum ponto?

6) "Comer carne ou matar animais quando existe necessidade faz sentido: desde que respeitemos (e aqui, portanto, entra o seu argumento sobre respeito aos interesses) as diferentes necessidades das pessoas. Eu respeito a vontade das pessoas de comerem carne. Existem pessoas que acham realmente NECESSÁRIO comer carne. Afinal, necessidade não tem a ver só com fome, não é? Todas as coisas que você faz na vida tem a ver com suprir suas necessidades básicas? Você só toma banho quando está correndo risco de infecção, ou também quando quer ficar perfumado e sentir-se bem?

Mas acho que poucas pessoas acham necessário que os animais sofram, e essa é a minha lógica de porque é importante diminuir a quantidade de carne que é consumida, para que se possa dar uma vida sem sofrimento aos animais. Fazer com que os animais sofram não é uma necessidade para ninguém. Mas quem sou eu para julgar se a necessidade de alguém comer carne é mais importante do que a minha necessidade de lavar o cabelo com shampoo, por exemplo? A verdade é que hoje chamamos de "necessidade" coisas que estão beeeem mais além das nossas necessidades reais, vc não acha? Então, é isso."


Concordo, Dani, fome não é a única razão para se fazer algo. E esta é uma grande característica do ser humano: não fazemos coisas somente porque é necessário fisiologicamente. Temos livre-arbítrio. Mas quando falamos de algo que não é necessário MESMO, entra em jogo o seguinte:

Existem QUESTÕES PESSOAIS, que dizem respeito somente ao âmbito privado, como o sexo entre dois adultos; e também QUESTÕES MORAIS ou ÉTICAS, que dizem respeito a situações em que as ações de um indivíduo tem efeitos sobre outro. Desta maneira, o exercício ético consiste em se colocar no lugar de outros para avaliar uma situação. De fato, não haverá muito a dizer para alguém que só se preocupa consigo mesmo. Posto isso, olhar-se no espelho (seja qual for o motivo) é uma questão pessoal; alimentação é uma questão ética, pois comer vegetais implica efeitos sobre vegetais; e comer carne implica efeitos tanto sobre animais como vegetais (pois para criar o animal para consumo, muitos vegetais foram consumidos antes).

Uma coisa é "achar" necessário, outra é "ser" necessário. Quanto aos indivíduos que acham necessário comer carne, ao se informarem melhor, baseados em evidências, podem concluir não ser mais necessário comer carne. Mas se for pelo "prazer" de comer carne, a questão CENTRAL é: o PRAZER de um humano se deliciando ao comer carne é MAIS IMPORTANTE que o SOFRIMENTO de um outro animal criado e morto para isso? Para uma alimentação ética, é necessário que cada ser humano responda a esta pergunta. Não somente você ou eu, apenas dois indivíduos no mundo.

7) "Acredito que as pessoas devem comer carne quando acham necessário (que não é o que se faz hj em dia). Mas devem SIM continuar comendo carne, e peixe, e frango... de forma consciente. A mudança que ler seu blog me causou foi exatamente essa: refletir sobre os efeitos dos meus atos, sobre o que significa quando estou comendo um prato de alface ou um sushi de salmão. Pensar que o salmão sente mais dor que a alface é uma decisão basada em quais estudos eu acredito: alguns dirão que o salmão sente, alguns dirão que o alface sente, outros dirão que nenhum dos dois sentem nada. Existem milhões de estudos no mundo todo e, como já sabemos, nenhum contém a verdade total. Depende do que eu quero acreditar, e do que me parece correto. E isso foi o que eu chamei de "crença". A crença na superioridade da ciência também é uma crença, não? ;) "

a) Com certeza, ao comer ou consumir qualquer coisa, as pessoas devem ser conscientes. Está relacionado até ao "consumerismo". Mas poderia me explicar por que as pessoas devem SIM (com essa ênfase afirmativa) continuar comendo especificamente carne, seja de que animal for? Sua resposta deve contemplar o que te perguntei em (4b) e (6). Ou seja:

[(4b)]: Você ainda não explicou por que, se ALGUNS animais comem carne, os humanos também DEVEM fazer isso.
[(6)]: O PRAZER de um humano se deliciando ao comer carne é MAIS IMPORTANTE que o SOFRIMENTO de um outro animal criado e morto para isso?


b) Bem, creio que nenhum estudo científico pode lhe dizer que os animais, sejam mamíferos ou peixes; ou as plantas, seja a da alface ou do agrião; não sinta NADA. Eu lhe apresentei alguns artigos mostrando que sentem; e o senso comum científico é que todos eles sentem ao menos alguma coisa; e que os animais, como possuem o sistema nervoso central semelhante ao dos humanos, sentem de maneira semelhante aos humanos; diferentemente das plantas, que não o possuem e por isso seria difícil sentirem de maneira assim elaborada.

Quanto a nenhum estudo conter a verdade total, é verdade; a ciência é exatamente esta busca contínua pelo aperfeiçoamento. Por isso nunca se deve pensar no ABSOLUTO VERDADEIRO, mas sim no MAIS PROVÁVEL E RAZOÁVEL, de acordo com as evidências encontradas até o momento.

Mas você (e qualquer um) também tem todo o direito de ser totalmente cética em relação à ciência. Para ser coerente, no entanto, também terá que negar a ciência em tudo o mais.

Mas não é necessário acreditar sequer na ciência para se reconhecer a sensibilidade gradual dos humanos e outros mamíferos, peixes e plantas. Basta usar nossos sentidos e perceber como é seu comportamento. Assim já é possível perceber o universo do outro. Não usamos ciência o tempo todo. Para acreditar que um outro humano sente como nós, apesar de nossas diferenças, não ficamos raciocinando: "ele é um Homo sapiens sapiens, a mesma espécie, gênero e filo que os meus, e possui um sistema nervoso central, etc., etc.". Nos baseamos em seu comportamento perceptível diretamente.

8) "Enfim, acho muito importante divulgar o consumo consciente: inclusive porque os animais nem são os que mais sofrem.... Existe trabalho escravo, trabalho infantil, exploração de mulheres... Mas, pra ser sincera, e finalizando: essa não é a minha causa. O mundo possui um milhão de problemas. Problemas ambientais, sociais, econômicos... guerras, injustiças, pessoas morrendo do lado da nossa casa, sendo atacadas no metrô só por serem imigrantes. Não é possível lutar por todos os problemas ao mesmo tempo, e é por isso que não vou pesquisar os filósofos, biólogos, ecólogos etc que mencionei no começo do texto: porque apesar de acreditar no consumo consciente, essa não é a "minha" causa, assim como não é a sua causa lutar, por exemplo, pelos adolescentes homossexuais, apesar de provavelmente não achar que eles devem ser espancados e, caso seja possível, fazer alguma coisa dentro do seu ciclo de ação. Da mesma forma, meu objetivo aqui era escrever o que eu penso sobre o que você escreve, criar discussões e refletir sobre uma coisa que faz parte da minha vida. Se tiver oportunidade, ajudarei outras pessoas a refletirem sobre o consumo consciente, como já faço em muitas coisas. Mas com certeza não direi a ninguém jamais para assistir um vídeo de um animal sendo morto: porque não acho que esse é o caminho para fazer as pessoas refletirem, acho que isso pode até tocá-las e fazer com que parem de comer carne, e ainda assim, não terei atingido o objetivo de que reflitam sobre o que estão fazendo."

a) Você sinceramente acha que os animais não humanos não são os que MAIS sofrem, mesmo comparados ao trabalho escravo, infantil, e exploração de mulheres? Mesmo lendo e vendo sobre o dia-a-dia deles?

b) Você realmente não acha que uma pessoa, ao conhecer melhor uma realidade na qual ela está contribuindo, não vai refletir sobre o assunto? Como jornalista, acredito que a informação, seja ela conceitual ou visual, ajuda as pessoas a refletirem e a terem uma vida melhor. E como há coisas que as palavras não podem descrever, o meio visual tem sua devida importância. Também como jornalista, percebo que há certas informações que são omitidas de circulação, que são tabus, e por isso algumas pessoas precisam fazê-las circular. De todo modo, a inteligência racional não é a única usada pelo humano, mas também a emocional, e ambas devem ser usadas de maneira eficiente.

c) Com certeza farei o que estiver ao meu alcance para defender qualquer um de violência e injustiça, Dani. Pode contar comigo nas causas pelas quais você lutar.

d) Os supostos filósofos, biólogos, ecólogos, etc. contra os direitos animais não precisam perder seu tempo produzindo estudos sobre o assunto porque o senso comum já é de que os animais não merecem nossa consideração. Por isso não há estudos sobre o assunto contra os direitos animais, apenas afirmações e opiniões baseadas no senso comum destes profissionais. Cabe aos cidadãos comuns como eu e você ler o que já foi produzido de maneira vanguardista e indagar se estas idéias valem a pena para nossa vida, e se são coerentes ou não.

Unknown disse...

Olá Maurício e Dani,


Meu nome é Frederico e conheci esse Blog através da lista VEGS_USP. Tomo a liberdade de meter a minha colher nessa sua discussão porque acho que todos só têm a ganhar com isso.


Bom, primeiro gostaria de comentar um pouco sobre a questão de que tipo de animal os seres humanos deveriam "copiar" em seus hábitos, os animais carnívoros ou os animais herbívoros. Eu gostaria de deixar claro que essa é uma questão que não se coloca. O seres humanos não devem usar os animais como modelo para nada quando o assunto é "direitos" ou consideração pelos outros seres. Justamente porque isso é algo que não existe fora da esfera humana. Não faz sentido as pessoas acharem que elas devem comer carne porque outros animais o fazem, porque esse tipo de argumento justificaria uma série de outras atitudes consideradas bárbaras (como por exemplo, comer nenês recém-nascidos, coisa que vários animais fazem em determinadas circunstâncias). Então, justificar o que fazemos pelo comportamento dos animais é uma espécie de falsa questão, porque a sociedade humana não funciona assim para nada. Escolhemos o que comemos ou não por critérios que não tem nada a ver com esse tipo de naturalização, seja para um lado (somos carnívoros porque os animais também são), seja para o outro (somos vegetarianos porque escolhemos os herbívoros como exemplo). A nossa capacidade de escolha nos é dada justamente por tudo aquilo que nos diferencia do restante do reino animal e nos permite que não sejamos presos a necessidade de causar sofrimento à seres que possuem uma capacidade análoga à nossa de sofrer.


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8) "Enfim, acho muito importante divulgar o consumo consciente: inclusive porque os animais nem são os que mais sofrem.... Existe trabalho escravo, trabalho infantil, exploração de mulheres... Mas, pra ser sincera, e finalizando: essa não é a minha causa. O mundo possui um milhão de problemas. Problemas ambientais, sociais, econômicos... guerras, injustiças, pessoas morrendo do lado da nossa casa, sendo atacadas no metrô só por serem imigrantes. Não é possível lutar por todos os problemas ao mesmo tempo, e é por isso que não vou pesquisar os filósofos, biólogos, ecólogos etc que mencionei no começo do texto: porque apesar de acreditar no consumo consciente, essa não é a "minha" causa, assim como não é a sua causa lutar, por exemplo, pelos adolescentes homossexuais, apesar de provavelmente não achar que eles devem ser espancados e, caso seja possível, fazer alguma coisa dentro do seu ciclo de ação. Da mesma forma, meu objetivo aqui era escrever o que eu penso sobre o que você escreve, criar discussões e refletir sobre uma coisa que faz parte da minha vida. Se tiver oportunidade, ajudarei outras pessoas a refletirem sobre o consumo consciente, como já faço em muitas coisas. Mas com certeza não direi a ninguém jamais para assistir um vídeo de um animal sendo morto: porque não acho que esse é o caminho para fazer as pessoas refletirem, acho que isso pode até tocá-las e fazer com que parem de comer carne, e ainda assim, não terei atingido o objetivo de que reflitam sobre o que estão fazendo."

Olha, isso de dizer que x sofre mais que y é um tanto quanto improdutivo. Sofrimento não é algo que dá para se medir facilmente, comparando indivíduo com indivíduo, sejam eles seres humanos ou animais não humanos. Mas se você contabilizar o número absoluto de indivíduos que sofrem você vai perceber que a quantidade de animais que passam por um sofrimento absurdo nas unidades de criação intensiva é considerável. Só o Brasil possui cerca de 50 milhões de porcos sendo criados num sistema industrial de confinamento. O número de galinhas e frangos é praticamente o dobro. Levando-se em conta que esses animais têm uma expectativa de vida baixa e estão sempre sendo substituídos (ou "produzidos"), a quantidade de animal que sofre nas fazendas de criação intensiva brasileiras é absurda.

A questão é que, em última instância, o que os ativistas de direitos dos animais e promotores do vegetarianismo pretendem é que a maioria das pessoas promova uma simples mudança na dieta e nos hábitos de consumo. Algo que, em tese, é muito mais fácil de fazer do que militar por causas como a luta contra a homofobia, a promoção da justiça social, o fim do machismo, a erradicação do trabalho infantil e da escravidão moderna. Problemas como esses também são importantes e ter gente que se dedica integralmente a esse tipo de causa é positivo. Mas a questão é que uma coisa não elimina a outra. E já dá para ajudar bastante a causa dos animais fazendo uma ação que requer pouco esforço que é o boicote.

Outra coisa que temos que pensar é que, enquanto que em algumas causas as pessoas que sofrem a opressão são capazes de lutar contra isso (e geralmente já estão lutando), como por exemplo a luta contra o racismo, a homofobia, a opressão contra os indígenas, o machismo; outras lutas se dão por aqueles que não tem capacidade de reagir - os animais, as crianças, muitas vezes os idosos, etc. Por isso, para esse primeiro caso, muitas vezes já dá para apenas prestar solidariedade àqueles que estão reagindo à opressão que sofrem. Já para o segundo caso o trabalho daqueles que se dedicam integralmente a isso é absolutamente necessário. Não dá para simplesmente rotular de "radical" dizendo que existem problemas mais "importantes". Afinal de contas, as pessoas que são "militantes" ou "ativistas" geralmente se especializam em determinadas causas, em detrimento de outras, por questões de preferência, identificação, etc. Nada mais natural que existam aqueles que se dediquem integralmente à causa dos animais. O importante é que essas pessoas não percam uma perspectiva mais global do resto dos problemas que afligem a sociedade.


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d) Os supostos filósofos, biólogos, ecólogos, etc. contra os direitos animais não precisam perder seu tempo produzindo estudos sobre o assunto porque o senso comum já é de que os animais não merecem nossa consideração. Por isso não há estudos sobre o assunto contra os direitos animais, apenas afirmações e opiniões baseadas no senso comum destes profissionais.


Acho que é um tanto ingênuo da sua parte dizer isso, parece até que você não conhece como funciona o ambiente acadêmico. É lógico que existem "filósofos, biólogos e ecólogos" que "perdem seu tempo" criticando as noções de direitos dos animais ou da consideração equivalente entre animais humanos e não humanos. Alguns de forma mais tosca, outros de maneira mais aprofundada. Só para citar alguns nomes do mundo anglófono: Hugh Fearnley-Whittingtall, Michael Pollan, Roger Scruton. Para quem se interessa em se aprofundar nesse lado filosófico da questão é interessante conhecer a opinião desses sujeitos, mesmo que seja para refutá-las. Peter Singer e Jim Manson em seu último livro "The Ethics of What We Eat", desmontam a argumentação deles de uma maneira bem interessante, vale a pena ler esse livro.

Maurício Kanno disse...

Ae, Frederico! Td bem, cara? Não lembro de você da lista veg-brasil, mas é muito bacana que você teve esse interesse em participar destas discussões.

Vou responder o que se refere a mim:

"Acho que é um tanto ingênuo da sua parte dizer isso, parece até que você não conhece como funciona o ambiente acadêmico. É lógico que existem "filósofos, biólogos e ecólogos" que "perdem seu tempo" criticando as noções de direitos dos animais ou da consideração equivalente entre animais humanos e não humanos. (...)"

É, assumo ter escrito um texto ingênuo sim nesse ponto. O que eu poderia dizer adequadamente é que eu ainda não conhecia esses autores publicados no Brasil, em português, pelo menos. Há traduções? Vou pesquisar, mesmo em inglês. Obrigado pelas indicações.

De qualquer maneira, creio que não cabe dizer tal coisa está certa porque tal pesquisador falou, mas tomar o argumento e verificar se ele é consistente, seja ele de quem for. Senão temos a falácia de autoridade.

Unknown disse...

Ae, Frederico! Td bem, cara? Não lembro de você da lista veg-brasil, mas é muito bacana que você teve esse interesse em participar destas discussões.

Eu estou na lista, mas acho que nunca participei. Não tenho tido muito tempo desde que voltei a estudar. Acho que me colocaram na lista porque no ano passado eu organizei uma palestra da Prof.ª de Filosofia Sonia Felipe (UFSC) na FFLCH, aproveitando que ela estava em SP para o congresso vegetariano. Essa foi a única coisa que fiz a respeito dos direitos dos animais na USP. :(

É, assumo ter escrito um texto ingênuo sim nesse ponto. O que eu poderia dizer adequadamente é que eu ainda não conhecia esses autores publicados no Brasil, em português, pelo menos. Há traduções? Vou pesquisar, mesmo em inglês. Obrigado pelas indicações.

Pelo que eu sei não há traduções desses autores em português. Eu não os li diretamente, mas fiquei sabendo de suas teses pela obra de outros autores (como o Singer), que os apresentam para criticá-los.

Maurício Kanno disse...

opa, aliás, cara, q bacana q vc organizou esta palestra na fflch... eu ouvi falar desta palestra, mas na época eu nao estava assim tao antenado e interessado na temática. ótimo! entao vc é da usp?

vc nao viu o que eu mandei pro pessoal, tentando montar um grupo de estudos sobre direitos animais? http://stoa.usp.br/3068/forum/8850

com certeza vc seria um ótimo membro deste grupo! conto com sua participação! poderia me passar seu e-mail e telefone para meu e-mail mauricio@kanno.com.br ?

abs!
maurício kanno