segunda-feira, 4 de junho de 2012

Turismo ao passado gera superlotação em locais históricos

Não se engane com o título deste livro: "Os Correios do Tempo" (1969), de Robert Silverberg. Não se trata de "carteiros intertemporais", como eu estava imaginando. Na verdade, seriam "guias turísticos intertemporais". E só ao passado, e no mesmo local geográfico, pois são essas as limitações da tecnologia disponível.

Não entendo o motivo do título, a não ser que tenha a ver com a versão lusitana do português... O título original é "Up the Line", já que os personagens no livro referem-se à viagem no tempo como atravessar ou seguir "a linha".

Boa parte do início e meio do livro é meio chato, sem parecer que a história vai para algum lugar definido. A gente chega ao primeiro capítulo esperando por viagem, aventura, e nada disso. A gente vai entrar nisso aos poucos só depois. O problema da história é que o protagonista não parece ter uma motivação bem definida.

O que me manteve lendo foi saber da sinopse, na contracapa do livro. Havia a promessa de que o homem do futuro se apaixonaria por uma mulher do passado. Mas isso demora bastante para acontecer.




PROGRESSÃO

De todo modo, acompanhamos como, meio por acaso, com indicação de um amigo, esse graduado em história acaba ingressando na carreira do "Serviço do Tempo". E vai então descobrindo suas regras, a "Patrulha do Tempo", que coíbe violações - como fazer algo no passado que mude épocas posteriores, até o presente. Acompanhamos também os estágios que Jud faz em excursões, principalmente na área de Constantinopla (ou Bizâncio, ou Istambul, na Turquia, área de preferência dele).

De fato é interessante fazer esse "passeio" literário por um mundo e sistema de turismo com viagens ao passado. Pontos especialmente interessantes são os paradoxos, violações por baixo dos panos e a cultura bastante liberal em termos de sexo da galera.

Acontece que, como se parte de vários tempos no futuro (dias, meses ou anos) para o mesmo tempo no passado - como a crucificação de Jesus Cristo -, um mesmo guia veterano pode ser encontrado 22 vezes na região, acompanhando diferentes grupos em excursão. É o caso de Metaxas, o mais experiente da turma.

Além disso, esse veterano resolveu estabelecer para si uma luxuosa residência permanente por volta do século 12, além de ter a meta de dormir com o maior número possível de suas antepassadas - tudo isso totalmente proibido.

Aliás, o que não falta é sexo no livro. A cultura da época demonstra ser bastante liberal, com encontros casuais à vontade - apesar da proibição de se fazer isso com pessoas do passado.

A história pega fogo mesmo quando o protagonista Jud é cada vez mais influenciado pelo seu coleguinha veterano...

Pois bem, apesar do início devagar, torna-se mesmo bem divertido fazer o passeio por esse mundo onde as viagens no tempo são uma atividade comercial - ainda que restrita aos turistas mais ricos e aos funcionários do "Serviço do Tempo".

Outro mérito bem legal do livro é que nos coloca em contato profundo com figuras históricas do passado, anônimas ou célebres; ou simplesmente "cópias" que produzimos ao viajar no tempo. Todas com suas motivações, consciências, etc., apesar da bagunça causada pelas viagens no tempo.

(Livro lido por indicação do Desafio Literário 2012!)

Um comentário:

Vivi disse...

Esse eu quero ler! Especialmente, em razão da parte em que a história começa a pegar fogo...hehehe

Além do que, achei a capa super instigante. De certa forma, ela me levou a lembrar dessa reportagem cujo contéundo me chamou a atenção: http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-68/chegada/na-hora-certa


Beijocas!