segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Minha experiência no 12º Festival Vegano Internacional e Grupo de Estudos de Direitos Animais

Geda, interação, palestras ao mesmo tempo, programação no site e refeições

(10/08/09) Fui convidado para apresentar neste festival, em palestra, a experiência com o Grupo de Estudos de Direitos Animais (Geda), que fundei em São Paulo. O convite partiu de Marly Winckler, organizadora do evento, que aconteceu no Rio de Janeiro, entre 22 e 25 de julho de 2009.

Ela me pediu um depoimento, e aqui está. Para mim foi sinceramente uma honra participar, ainda por cima como palestrante, de um evento como este, tão grandioso e com convidados internacionais e também de diferentes Estados do Brasil. Aliás, rever a própria Marly, que eu havia conhecido pessoalmente e encontrado apenas uma vez, quando estava começando meu caminho no movimento, e com quem me correspondia com alguma requência, também era importante. Ela era uma inspiração.

Ultimamente, eu estava procurando me afastar um tanto das atividades pelos direitos animais, focando questões pessoais em atraso, especialmente profissionais. Por isso inclusive a socióloga e professora Tânia Vizachri acabou assumindo a organização do Geda, com apoio de outros importantes colaboradores, a quem agradeço. Assim, o tempo e dinheiro investido na viagem me faziam hesitar.

Mas a oportunidade de apresentar o grupo em um evento como este e conhecer o Rio de Janeiro – famosíssima cidade em que eu jamais havia colocado os pés, mesmo morando em Estado vizinho – me impulsionaram muito na decisão de aceitar o convite e ir. Além de ter o amigo Bruno Müller para hospedar e desfrutar da companhia na cidade.

Minha palestra sobre o Geda
Por volta de 12 pessoas assistiram minha apresentação, com powerpoint atualizado no dia da partida, sexta-feira – viajei de madrugada para poupar tempo. Foi mesmo muito gratificante ver pessoas de outro lugar do Brasil interessadas na experiência do grupo de estudos, perguntando detalhes de organização e programação, pensando até em montar atividades similares em sua própria cidade.

A maioria, me parece, eram mesmo do Rio, mas também havia um rapaz de Belo Horizonte, que havia conversado comigo antes da palestra, logo que cheguei ao evento, já demonstrando seu interesse no tema. Charles de Freitas Lima, famoso ativista que conhecia de nome pelas listas de discussão sobre direitos animais, foi outro presente que me honrou com sua presença e interesse.

Quem se interessar, pode ver o powerpoint aqui:



E pode ouvir o áudio da palestra aqui (que vergonha!):
http://geda.podomatic.com/entry/2009-08-09T23_06_02-07_00

Nesta página aparecem informações sobre o Geda e eu mesmo, no site do Festival.

(download do ppt aqui: http://sites.google.com/site/grupogeda/arquivos/historia-geda-24-07-09.ppt )

Festival e o grupo de estudos
Pra ser sincero, mesmo sendo novo no movimento, já estou um pouco cansado de palestras sobre direitos animais. Parece paradoxal dizer isso, vindo de alguém de um grupo de estudos, não? Mas a dinâmica de eventos proposta do Geda é bastante diferente.

Ao invés de uma grande concentração de palestras em alguns dias seguidos, fazemos apenas duas, separadas por um intervalo com lanche e bate-papo, e tudo isso em apenas 3 horas, uma vez por mês. Isso é mais palatável para mim.

É claro, eventos de imersão como este 12º Festival Vegano Internacional, além do 2º Seminário de Direitos Animais da USP e o 1º Encontro Nacional de Direitos Animais, tendo participado destes últimos no ano passado, são louváveis, especialmente para quem mora longe dos grandes centros urbanos e fica mais fácil separar dias seguidos para viajar e se dedicar. É minha posição pessoal, mas de todo modo ofereço a proposta alternativa a quem interesse.

Interação com os participantes
Foi muito bacana poder conversar com pessoas de países diferentes; por exemplo, em inglês com um professor que trabalhou toda a vida em Londres e agora mora na Califórnia; em espanhol com uma estudante intercambista que veio da Califórnia, filha de indianos; e conhecer especialmente tanta gente do Rio, entre outros que só conhecia virtualmente, como Thaís Shanti e Eliane Lima. Além de rever os ativistas de São Paulo.

Na verdade, para mim, isto é o essencial de um evento grande como este: conhecer pessoas diferentes. Então, tinha vezes até que acabava ficando mesmo de fora das palestras pra bater um papo com alguns. Esta interação informal me parece essencial, e seria bacana oferecer mais espaço para isso.

Pena que perdi a oportunidade de conhecer pessoalmente o Carlos Naconecy, doutor em Filosofia cujo livro “Ética & Animais: um guia de argumentação filosófica” foi essencial para mim e foi base para muitos dos primeiros eventos do Geda. Um mentor a quem devo muita orientação, inclusive pela troca de ideias por e-mails.

Quando o festival estava encerrando, eu, caindo de sono de cansaço, acabei indo embora, e meu amigo Leon Denis me disse que Naconecy havia me procurado pouco depois de minha saída, com a amiga Vânia Daró.

Palestras ao mesmo tempo
Não sei se é estratégico colocar mais de uma palestra ao mesmo tempo, ainda mais tantas de cada vez. Isso sobrecarrega e dispersa a atenção dos participantes. Era triste ver meio vazio o auditório grande em que ocorreu a palestra da esperada escritora Regina Rheda, que veio dos EUA.

Ouvi frustração a respeito de haver na programação ao mesmo tempo mais de um super-palestrante que o participante queria ver, por exemplo. Quando isso ocorria comigo – e era frequente – a minha própria tática, apesar de isso parecer não muito polido, além de superficial; foi ver um pedaço da palestra de um, e um pedaço da palestra de outro; como fiz com a Patrícia, que falou sobre sua bela experiência do Santuário das Fadas.

Por outro lado, é claro que isso possibilita um grande leque de opções para os participantes, claro. Dificilmente a minha palestra aconteceria se houvesse apenas uma por vez, que privilegiaria os medalhões do movimento. Isso possibilitou que o público pudesse tomar contato com diferentes experiências e ideias, até com as minhas, de um novato de apenas pouco mais de um ano e meio de ativismo.

Programação no site
Outra dificuldade que tive foi me programar com antecedência, já que eu sabia apenas o horário da minha palestra. Pude ver folhetos completíssimos com a farta programação ao chegar, mas realmente não consegui encontrar pelo site antes essa programação, somente os nomes dos convidados e suas biografias, sem referências específicas de horários.

Um destaque para a tabela geral no menu principal do topo ia bem. Depois acabei achando, mas estava em ordem alfabética no vasto menu lateral como “Programa”, o que um desavisado como eu acabou deixando passar.

Refeições
Também proponho dar mais atenção às refeições. Parecia não haver oferta de almoço pra valer na hora do almoço, mas somente lanches dos estandes. É claro, adorei prová-los, deliciosos, como hambúrgueres e pastéis, mas ouvi queixas de participantes a respeito dessa falta durante a semana, tendo que se virar com os lanches. Um deles resolveu até sair do festival para almoçar fora em um dos dias.

Infelizmente perdi o “Junta-Prato” que ocorreu somente no sábado; acabei me dando conta de que ocorria quando já estava terminando...

Maurício Kanno

Um comentário:

Anderson Reichow disse...

Maurício, estive no Rio também. Endosso teus comentários sobre os problemas com colisão de palestras e falta de alimentação.
E confesso que também estou bem cansado com o formato das palestras, especialmente as que se concentram em poucos dias. Isso que escrevi aqui em já deixei anotado na avaliação pessoal para a SVB... além disso, notei muitos problemas com o curso de capacitação técnica em dieta vegana; para não me estender muito, só registro que, mesmo sendo leigo na área da saúde (sou estudante de direito), considerei as exposições muito aquém do meu parco conhecimento - adquirido em bate-papo informal ou mesmo no google, sem compromisso. Isso ficou bem feio pra mim.

Só não gostaria que lessem mal minhas palavras: respeito bastante o trabalho daqueles a quem dirijo minhas críticas, especialmente a carreira e rigor científico do Eric (que organizou o curso da dieta).

Tá aí... pena que não te vi lá, camarada. Teríamos conversado algum bocado.

Abraço,

Anderson Reichow