quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Cade a Gabriela, Jorge Amado?

Resovi ler a consagrada obra do baiano Jorge Amado "Gabriela, Cravo e Canela". Uma vencedora do prêmio Jabuti de literatura brasileira (entre outros prêmios), traduzida para ao menos 15 outras línguas e adaptada para outras tantas mídias, como a novela que passa agora na televisão.

Sônia Braga ficou famosa por interpretar a protagonista. E agora, Juliana Paes. Que, pelo que eu soube, na novela aparece desde o primeiro episódio.

Não é o caso do livro, onde só depois de quase 100 páginas (de um total de umas 450) ela vai começar a aparecer numa ceninha.

Antes disso, há só uma expectativa para que ela apareça, pois mostra-se o árabe Nacib procurando feito louco por uma cozinheira. Será ela então que ele vai encontrar? Afinal de contas... na verdade, apesar de a mulata Gabriela não ter aparecido de fato em tantas páginas, a primeira frase do livro é dedicada a ela:

"Naquele ano de 1925, quando floresceu o idílio da mulata Gabriela e do árabe Nacib,  estação das chuvas tanto se prolongara além do normal e necessário que os fazendeiros..."

Ou seja, o autor até usou um recurso interessante. Anunciou no título e na primeira frase do livro que teríamos uma Gabriela e com quem ela ficaria. O que me criou expectativa, quando vi que o tal Nacib procurava uma cozinheira.

Isso não seria um problema em si, acredito, a não ser pelo fato de que eu gostaria de conhecer essa bendita Gabriela logo - então é melhor assistir à novela, certo? ;)

O problema mesmo é tanto falar de Ilhéus, da cultura do cacau, que a cidade está se desenvolvendo com o cacau, que o progresso chegou a Ilhéus, vejam que temos uma nova rota, vejam o problema para os navios entrarem em Ilhéus, vejam que bonito o discurso do Doutor, não, prefiro o discurso do Capitão...

Sinto dizer, mas isso tudo é um saco! Quanta nove-hora! Quanta enrolação! Não acontece nada que me cause emoção, que me traga empatia! Jorge Amado pode ser bem amado pela Academia e por muita gente, mas não serei eu mais um a me declarar por este livrinho grosso não...

Decidi então que não vou passar das 50 páginas, porque, pelo andar da carruagem...Dá pra ver que tenho coisa melhor pra fazer na vida. Por exemplo, ler os instigantes contos do Edgar Allan Poe!!! Isso sim que é uma boa maneira literária de curtir a vida.

Esta resenha desaforada, se é que se pode chamar este texto de algo assim, foi feita em prol do Desafio Literário 2012. Espero em umas 2 semanas publicar uma resenha mais bem-humorada sobre o tio Poe. ;)

(Mas essa é de fato uma lição, minha gente: não vamos perder tempo de nossa vida de lazer dedicados a um negócio só porque dizem que é o que é... A vida é muito curta! Tem trocentos outros "clássicos imperdíveis" pra curtir, entre outros contemporâneos que podem se encaixar melhor no seu gosto.)

2 comentários:

Anônimo disse...

Maurício,

Por favor, enviar um e-mail para direitoseducacao@leya.com

Pode me enviar o seu e-mail, preciso da sua autorização p/ reproduzir um texto.

Obrigada

Renata Balsani

Anônimo disse...

Nossa, amo resenhas apaixonadas mesmo que sejam para revelar o desprazer gerado por uma determinada leitura. Eu confesso: curto uma preguicinha de Jorge Amado. Ainda não vai ser agora que vou ler Gabriela..rs