domingo, 10 de janeiro de 2010
sábado, 2 de janeiro de 2010
Minha descoberta dos românticos romances de banca
Olá.
Lá vai meu comentário/resenha sobre a leitura de janeiro de 2010 proposta pelo chamado Desafio Literário, organizado pela Vivi, do blog (ai!) Romance Gracinha.
Pra começar bem o ano (ahah), a sugestão foi ler um chamado “romance de banca”. Leia-se: Julia, Sabrina, Bianca, Mirela, etc. Até então eu nunca havia dado muita atenção para eles. Duas razões principais: parece (e é) coisa de mocinha e também parece literatura “pobre”.
No entanto, resolvi render-me à minha curiosidade científica (eheh) e fazer a leitura sim. Aliás, isto ajuda muito a compreender melhor o universo feminino, pois elas não adoram tanto este tipo de leitura?
Confesso que gostei. Gostei muito, como há tempos não apreciava leitura de livros. Talvez desde a adolescência até, quando meu índice de leitura de histórias em livros era trocentas vezes maior.
Livro com história. Sim, porque tenho lido muito mais livros teóricos do que de histórias nos últimos tempos, quando leio algum livro qualquer inteiro.
O fato foi que li, no prazo recorde de uns quatro dias após emprestados pela Rê, autora do blog O Gato Risonho, dois livros de uma vez. E somente em meus trajetos de ônibus e metrô do jornal para casa e vice-versa, tentando conciliar com a básica leitura do jornal, claro. Aliás, é impossível ler jornal em transporte público lotado, mas livrinho dá ;).
E fiquei tão curioso na leitura, que acabei na verdade adiantando em dezembro o que deveria ler em janeiro, eheh. E li dois, apesar da proposta de ler só um!
Bem, na verdade, acho que não é segredo que os livros “cult” são frequentemente chatos pra burro. É claro, não vou desistir de lê-los, eu que sempre achei tão importante esse tipo de leitura, mas... Putz, diversão e prazer são coisas muito importantes, além do intelectualismo, não?
Eu mesmo comecei a ler há um tempo atrás “Cem Anos de Solidão”, do conceituadíssimo Gabriel García Marquez... Fui até a metade de suas quase 400 páginas, mas parei. Tudo bem, era profundíssimo e cheio de recursos poéticos, genial, mas comecei a cansar. Espero voltar um dia.
Seleção dos títulos
Vamos então aos livros em si. Li primeiro “O Anel da Vida” (116 p.), de Loreley McKenzie, da coleção “Amores Eternos” (que singelo!), da Mythos Books. Em seguida, li “Lábios de Mel” (186 p.), de Deanna Mascle, este sim da mais famosa coleção “Sabrina Sensual” (uau!), editora Nova Cultural.
Os dois livros foram escolhidos, dos que me foram oferecidos, baseando-me no nível de romantismo, aventura e sensualidade que transpareciam. Para isso, a imagem da capa e a sinopse da contra-capa (ou quarta capa, nunca sei, aquela outra visível, atrás do livro), foram fundamentais.
Nada de coisa comportada, como alguns outros pareciam, estilo “família” demais.
“Lábios de Mel”
Este me chamou mais a atenção, por isso começo por ele, apesar de ser o segundo que li.
Para começar: o título super-genérico não tem nada a ver com a história, como parece ser mesmo comum para este tipo de publicação. Ok, uma única vez a mocinha da história faz a comparação com os lábios do mocinho, mas enfim...
Aliás, cumpre informar que o título original, em inglês, era “Moon Hunter”, ou seja “Caçador da Lua”. Sinto que teria muito mais a ver, porque a história trata de aventura pela floresta pelos EUA, em época de Conquista do Oeste (ou Faroeste).
Isso é algo que me chama a atenção, claro, pois fui jogador de RPG por muitos anos, por toda a adolescência. RPG: jogo em que se interpretam personagens, com ficha, números, dados, narração, e frequentes combates com seres perigosos.
A história em si é divertida, envolvente. Novelinha básica: mocinha encontrada em apuros na floresta, com sua filhinha fruto do casamento zoado com um cretino. Ela acaba conhecendo um moço protetor que faz de tudo para protegê-la, super bem intencionado. Ele parece ter apenas a nobre missão de proteger os fracos e comprimidos...
Dilemas amorosos
Mas claro, Mack, o gentil e cavalheiro mocinho da história, acaba ficando apaixonado pela moça, enquanto a acompanha até levá-la em segurança. Apesar de não querer admitir isso. E fica naquele vai-não-vai.
O moço fica no dilema de querer apenas cumprir sua missão de proteção, tentando se recuperar de um passado dele, em que teria falhado vergonhosamente. Além disso, ele preza muito sua vida independente para formar laços com qualquer mulher que seja.
Acho que este é um ponto bem importante: de fato os rapazes costumam enfrentar este dilema mesmo: sua independência e liberdade versus envolver-se (até que ponto?) com a garota que mexe com eles?
Mas a mulher que ele acompanha (e cuida dos ferimentos dele, além de também ajudá-lo contra uns selvagens que aparecem, pois ela é durona mesmo!) é cada vez mais irresistível para ele.
Por seu lado, a moça, Rebeca, só queria saber de cuidar de sua filhinha. Depois de sua experiência anterior horrível, não quer mais nunca saber de homens. Apenas tolera o tal Mack para seguir protegida pela floresta até algum lugar mais seguro.
Mas ela acaba ficando balançada, enfim. A história ondula entre as dúvidas amorosas dos dois protagonistas. Foi uma novelinha e romance (no que se trata de amor, claro), gostosa de acompanhar. Inclusive há de fato trechos picantes, eheh. Interessante esse tipo de narrativa com detalhes e descrições do percurso amoroso. Não conhecia, mas hiper-aprovei, apesar dos exageros caricatos às vezes.
Bem, se citei no fim “exageros caricatos” para o outro livro... “O Anel da Vida” sim, é cheio deles. Tanto para a descrição dos personagens, excessivamente lindos e maravilhosos, além de suas emoções, barrocas, derramadas.
Clichês não faltam, mas sempre funcionam.
A começar, temos a Cinderela: Martha, totalmente explorada pelos irmãos e pela mãe, demônios em pessoa. Eles a exploram, o chefe da empresa também, os colegas de trabalho também.
E ela sem coragem alguma de revidar. De ter iniciativa para mudar esta situação. De exigir justiça. Uma fraca.
Mas eis que, assim como acontece nas histórias do Homem-Aranha, em que o estudante CDF e alvo de todos os bad boys da escola Peter Parker vira um fortão e ágil super-herói; ou mesmo Harry Potter, em que o também explorado pela “família” e órfão garoto vira um feiticeiro, pré-destinado a salvar o mundo dos bruxos e ser o maior de todos, mesmo ainda criança...
Algo acontece para a pobre e medrosa Martha. Ela ganha um anel (sim, o do título do livro, que agora sim tem a ver com a história, huahua). Um anel que tem o poder de dar força interior, coragem, para que a moça vença todos os seus desafios.
Bom, essa história de misticismo, esotérico, foi algo bacana que apareceu também, que também me chama a atenção, lembrando de meu histórico de jogador de RPG, em que também muita magia é obrigatória.
Mulher moderna
Um diferencial interessante para a história é que trata da vida da “mulher moderna”, que busca sua independência financeira e nos demais setores da vida (li algo assim mesmo sobre esse tipo de romance de banca em alguma matéria por aí).
Isso mesmo: mostra como, ao fim e ao cabo, ela consegue ser bem-sucedida em todos os aspectos de sua vida: não só o amoroso, como foi mais centrado o romance que li da “Sabrina Sensual”, mas também o lado profissional e familiar.
Aliás, o lado profissional é bem importante mesmo nesta história; é claro, bastante interligado com o lado amoroso e místico, até porque a mocinha da história consegue o trabalho novo via anel místico e via um belíssimo “Senhor Perfeito”, como ela o chama em pensamento.
Tem também um lado de suspense policial, mistério, que a mocinha acaba também tendo de lidar no seu trabalho, que a coloca até em perigo.
Ou seja, nisso tudo, o lado de romance “romântico” acaba sendo mais um detalhe. Mas bem derretido e caricato, com certeza.
Posso até chamar a história de bobinha, mas é divertida, curiosa, completa, e não me deixou parar de ler nem um instante, até terminar, eheheh.
Além de ter o mérito de chamar a atenção para o sucesso profissional feminino e até mesmo de fazer os leitores (e especialmente as leitoras, ahah) refletir sobre as besteiras que têm feito em sua própria medrosa vida pessoal, profissional, amorosa, etc. Neste sentido, é bem um livro de auto-ajuda sim. ;)
Publicado por Maurício Kanno às 19:13 42 comentários
Assuntos: banca, desafio literário, feminino, resenha, romances, romântico